2020 é o novo 1984

Camila Ferreira
3 min readJun 26, 2020

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O “Big Brother” é uma realidade bem atual, e parece que não tem mais nada que a gente possa fazer.

Quando a internet surgiu muitas pessoas ficaram extremamente animadas, com a liberdade que isso dava pra todo mundo, o compartilhamento rápido de informações, foi com a internet que a Primavera Árabe aconteceu, muitos protestos são organizados pela internet, mas e quando a internet virou uma ferramenta altamente lucrativa? Bom, voltamos a era dos monopólios. Nós temos o mesmo sistema de antes, a única diferença é que qualquer um com computador pode criar uma empresa ou aplicativo e fazer uma fortuna.

Com a criação de empresas como Microsoft, Apple e Facebook muito se falou sobre os nerds bonzinhos que só queriam fazer coisas úteis para o mundo e não se importavam com o lucro. Isso é muito ingênuo, Steve Jobs, Bill Gates e Mark Zuckerberg eram homens de negócios que encontraram uma ideia lucrativa e viram uma maneira de lucrar com a mesma, não é muito diferente do Eike Batista mas o Eike não tem seus dados, hábitos, localização em tempo real e o poder de manipular em quem você vota, o que você vai comprar.

Os dados são o novo petróleo, e se alguém tiver que ser persuadido ou retirado da rede social para garantir mais dados isso irá acontecer. De tempos em tempos alguém reclama que sua página caiu sem motivo aparente, podem dizer que isso é culpa do Google, do Facebook, mas todos devem lembrar que embora sejam aplicativos, sites, plataformas elas são desenvolvidas por pessoas e para pessoas, e essas pessoas tem suas crenças.

Ao criar os requisitos que fazem algum vídeo, postagem ou foto ser excluído, esses requisitos são escritos por uma pessoa essa pessoa traz toda essa bagagem ideológica junto. A grande questão é que nossos dados, coisas pessoais, estão sendo entregues para essas empresas vender para outras empresas e nos manipular, com nossa permissão, ao entrar numa rede social você concorda com uma política de privacidade(que ninguém lê) que permite tudo isso.

Dentro desse problema enorme já temos outro problema maior ainda: cultura de cancelamento. Recentemente vimos diversos influencers sendo julgados por coisas que falaram muito tempo atrás, essa cultura de linchamento só mudou de espaço, antes todos saíam às ruas para linchar um cidadão que fosse acusado de algo, hoje em dia qualquer um pode encher as redes sociais de outra pessoa de xingamentos, hackear a conta, vazar dados na internet, como CPF e endereço e assim acabar com a vida de uma pessoa nas redes sociais.

Hoje em dia, os comentários, deslikes e denúncias em massa são usadas como armas. Embora postagens que possuam muitos comentários tenham um engajamento grande e a probabilidade de conseguir mais atenção muitos influenciadores tem que desativar os comentários por perder o controle sobre sua própria rede social, é como se alguém viesse na sua sala pra gritar e xingar só porque você deixou a porta aberta por alguns minutos.

As redes sociais nos conectaram, isso é fato, em tempos de quarentena elas salvam nosso dia com algo engraçado, uma mensagem de alguém que está distante, mas existe um lado ruim disso tudo, somos vigiados constantemente, tudo que falamos vai sim ser usado contra nós em algum momento, a internet não perdoa embora esqueça de tudo muito fácil porque em pouco tempo temos uma novidade mais interessante.

Não compartilhar informações na internet, hoje em dia, é sofrer no ostracismo, muitas empresas contratam seus funcionários por meio de redes sociais, de certa forma somos obrigados a dar de graça nossas informações para que essas empresas lucrem e nos manipulem, e só vai piorar.

Essas empresas não irão quebrar, elas vão se reinventar, comprar empresas de aplicativos menores, e controlar mais aspectos de nossas vidas, criar novas redes sociais só vai multiplicar o compartilhamento de nossos dados. Não há saída, apenas o estágio de aceitação e viver esse novo mundo e se adaptar.

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